Opinião
O mesmo prato, ingredientes diferentes?
27 de Agosto, 2018
Nos últimos 10 anos, o Estado angolano gastou uma fortuna em favor do desporto nacional, só que de forma não reprodutiva e “insustentável”, o que de certa maneira contribuiu para o asfixiar do actual modelo desportivo, que na sua matriz atípica acabou por consolidar-se, tendo por consequência o profissionalismo, que de uma forma transversal, sofreu uma “gravíssima lesão”, similar a que os atletas sofrem, ao ponto de colocar em perigo as suas carreiras desportivas, devido a graves inobservâncias em matéria de gestão e dirigismo desportivo.
Porém, convém clarificar, o que quero dizer com a palavra insustentável, que aparece, propositadamente, entre aspas, bem no início deste artigo.
Refiro-me, a que os economistas denominam, ser um Gap crescente entre as receitas e as responsabilidades. É, que o nosso sistema desportivo tornou-se insustentável, porque até este exacto momento em que vos escrevo, continua a gerar despesas a um ritmo tão superior ao que gera receitas, e a diferença está sempre a subir, sempre a subir.
Neste caso, para continuarmos a financiar um sistema desportivo com este modelo, só restam dois caminhos, continuar a orar e a fazer sessões de \"xinguilamento\", para o que preço do petróleo dispare nos mercados internacionais, para financiar a diferença, ou então, fazer algo totalmente diferente.
E, é exactamente este algo totalmente diferente, que é preciso ser feito, que defendo há algum tempo, aqui neste espaço.
Tenho defendido que o sistema desportivo angolano, precisa de um \"veneno\"” não dos que mata, mas dos que cura mesmo!
E, esse “veneno vital”, passa pela redução drástica de despesa do Estado, no actual modelo de sistema desportivo nacional, de modos a libertar dinheiro para sectores vitais da economia nacional.
Sei de muita boa gente, que a esta altura, depois de ler este meu posicionamento, esteja a fazer “cara podre”, porque não desejarão essa mudança. Uns, por razões ideológicas, outros, por razões oportunistas! Mas é um facto, que já não pode haver, nem tampouco existir mais espaço para o imediatismo e amadorismo.
Outro dado concreto: nenhum clube em Angola, ou qualquer Federação desportiva se vai transformar numa super estrutura de negócio, ou numa máquina comercial, da noite para o dia, ou vice-versa.
E, verdade seja dita, mudanças são sempre difíceis, pois, exigem o abandono do ambiente de conforto e da ousadia, para trilhar caminhos desconhecidos, desbravar um novo ambiente.
Ainda mais, mudar a cultura desportiva de um país, não é algo tão fácil e rápido que possa ser idealizado e realizado, num curto espaço de tempo, com uma acção isolada de marketing desportivo.
O problema é complexo e necessita de uma reestruturação geral, para obter sucesso, a iniciar dentro dos clubes, na forma como gerem os seus principais activos, como os sócios, a identidade das suas marcas e os adeptos, que no final são os principais consumidores finais de tudo o que eles produzirem em termos de negócios.
Este é um caminho sem volta, em que os clubes nacionais que de facto e jure desejarem ser marcas de notoriedade e de grande consumo no futebol, partirem para a globalização, através do marketing desportivo.
Dentro do desporto profissional, temos basicamente, quatro áreas de captação financeira, ou conhecidas como fontes de rendas, que precisam ser trabalhadas estrategicamente, por quem efectivamente esteja lá a trabalhar, que são: receitas de bilheteira; negociação de jogadores; transmissão de TV; e o marketing.
E, aqui entra o paradigma do artigo, porque o marketing está umbilicalmente ligada as três primeiras, e as três primeiras precisam do “oxigénio” do marketing, para viver e sobreviver!
Dada a natureza do assunto, que está em volta de uma pesada carga de erudição e sapiência, em que o desafio está em explicar o complexo em termos simples, ou se preferirem, em “miúdos”, prometo desde já voltar a abordar o assunto, num artigo futuro.
Zongo Fernando dos Santos *Mentor e Gestor Executivo do Fórum Marketing Desportivo
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