"Ganhámos tudo no Girabairro"

O Flamingos da Caponte do Lobito é seis vezes campeão do Torneio Provincial do Girabairro de Benguela
Fotografia: Jornal dos Desportos
O Flamingos da Caponte do Lobito é seis vezes campeão do Torneio Provincial do Girabairro de Benguela. O clube vai representa a província na fase nacional da maior competição de futebol de bairro, organizada pelo Movimento Nacional Espontâneo. Bento Cangombe, presidente e fundador do clube, garantiu em entrevista ao Jornal dos Desportos que a equipa fecha este ano, com a disputa do "Nacional" da prova, o seu ciclo de participação no Girabairro. O objectivo é alcançar a final e despedir-se da melhor forma do torneio onde confessa ter visto o clube conquistar tudo que havia para conquistar.
Em sete presenças na final do Girabairro, o Flamingos venceu seis. Que significado tem para o clube o mais recente troféu em nove anos de presença no torneio?
“Este título conquistado em nove anos de existência do Flamingos tem um significado crucial, no sentido em que coroa a nossa caminhada com sentimento do dever cumprido. Os objectivos da nossa primeira fase de criação foram todos alcançados. Surgimos como uma associação cultural e desportiva, ajudamos a consciencializar os jovens que o melhor caminho é o do bem da cultura, do trabalho e do desporto e incentivamos a estarem inseridos na sociedade como pessoas úteis e que contribuem para o bem comum da própria comunidade. Mais do que um clube de futebol, o Flamingos ajudou a orientar a juventude da Caponte que estava a praticar actos ilegais e afastá-los das práticas negativas. Hoje, com estes êxitos alcançados, podemos respirar de alívio, pelo dever de missão cumprido e porque conseguimos criar neles o espírito de guerreiros, lutadores e batalhadores e campeões”.
Está a querer dizer que o Clube Flamingos ajudou a mudar a imagem do bairro da Caponte e despertou nos jovens o gosto pela prática desportiva?
“Com certeza. Em 2007 a Caponte era rotulada como um bairro da delinquência, uma zona onde não se podia estar. Houve inversão desta imagem e hoje a Caponte é um bairro dos campeões. É um bairro que 'cuia', porque hoje se formam campeões provinciais e campeões municipais, ou seja, esta mudança de paradigma foi salutar e nós participamos de forma efectiva, com o engajamento da administração municipal do Lobito, da própria Polícia, de todas as forças sociais, igrejas instaladas no bairro da Caponte e de toda a sociedade e comunidade".
O sentimento é de satisfação...
“De enorme satisfação, porque representa a imagem de que conseguimos cumprir com a nossa tarefa. É verdade que possamos ter aqui ou acolá algum caso que não foi bem entendido ou incompreensões, mas é fruto da própria obra humana que é imperfeita. Conseguimos, nestes nove anos de existência, atingir os nossos objectivos. Não é fácil ao longo destes anos, pese as contingências que o país atravessa, mantermos os níveis de competitividade e alcançar simultaneamente”.
Qual é o segredo para tantos títulos?
“Quando decidimos competir no Girabairro de Benguela traçamos como meta a conquista de títulos e hoje podemos dizer que conseguimos alcançar a hegemonia. Conquistamos a primeira taça no primeiro ano em que começamos a participar no Girabairro, isto é, na época 2007/2008. Nesta edição conquistamos o torneio provincial, ficámos em quarto lugar na fase municipal, mas não estávamos ainda satisfeitos, porque estruturamos a nossa estratégia no sentido de alcançarmos o título maior. Em função disso, canalizamos todo o nosso investimento neste objectivo e como o título maior era o provincial, apostamos tudo na prova e conseguimos conquistá-lo.
O primeiro título surgiu precisamente três anos depois da estreia na competição?
“Antes disso, em 2009, fomos finalistas na Baia Farta e fomos derrotados aos pénaltis pelo Desportivo da Zâmbia. Já em 2010 ganhámos o provincial e participamos no interprovincial do Girabairro, conhecido de fase nacional e fomos derrotados aos pénaltis pelas velhas glórias do Uíje. Em 2011 ganhámos também o provincial e o inter-provincial ou fase nacional. Voltamos a vencer apenas em 2013 o torneio municipal, provincial e a fase nacional. Em 2014 venceu o clube África Têxtil, mas regressamos aos títulos no ano a seguir, em 2015, com a conquista do torneio municipal e provincial do Girabairro”.
Acredita que a equipa tem condições para manter-se na senda dos títulos por mais anos?
“Tenho a certeza que sim, porque tudo que conquistamos até hoje é consequência do trabalho e muita dedicação. Em nove anos de competição, temos seis títulos provinciais e cinco municipais, uma taça da cidade do Lobito, uma Supertaça do Lobito e um troféu do torneio 5 de Outubro. Conquistamos ainda os torneios 4 de Abril e da Paz e somos ainda os vice-campeões do torneio Zé-Dú. Tudo isso prova a nossa dedicação, trabalho e sacrifício. Apesar das dificuldades, conseguimos criar uma equipa vencedora. Mostramos que só com trabalho sério e dedicação se consegue atingir os objectivos preconizados. Não vale a pena ter muito bons objectivos, sem saber lutar pepara alcançá-los. Temos um bom recorde em termos de conquistas alcançadas. Nunca outra equipa conseguiu este recorde. No dia 25 de Junho realizou-se na praça do Lobito a feira do desportista e as pessoas ficaram espantadas com a quantidade de troféus que o Flamingos da Caponte alcançou nesta curta existência. Temos no Girabairro equipas que participam desde a sua primeira edição. Conseguimos provar que entramos de forma determinada”.
Considera, no entanto, que o balanço é extremamente positivo?
“De facto. Fomos capazes de superar a grande rivalidade, que é salutar quando praticada no bom sentido. Isso faz com que as equipas todas do Girabairro se organizem mais e mudem os seus métodos. Quando entramos no Girabairro as equipas juntavam-se às pressas para ir jogar o torneio. Éramos a equipa mais organizada, porque nunca usamos equipamentos de outras equipas. Introduzimos uma identidade no Girabairro e as equipas tinham de ter equipamentos próprios, logótipo próprio e deixassem as marcas dos outros e criassem a sua mesma marca. Ajudamos o Girabairro do Lobito e de Benguela a evoluir, porque todas as equipas do Lobito e de Benguela equipam-se hoje ao nível das equipas do Girabola Zap. Fomos a primeira equipa a ter transporte próprio e também contribuímos a dar maior dignidade e mais-valia ao Girabairro. Demos o nosso contributo para o desenvolvimento e evolução do torneio. Acho que do ponto de vista da influência que a nossa equipa teve para o desenvolvimento do Girabairro de Benguela, podemos afirmar que contribuímos muito”.
VALORAÇÃO
“Devemos reconhecer
o apoio dos presidentes
dos clubes”
Que lhe parece os níveis de organização do torneio Girabairro?
“Estas questões de organizações são sempre possíveis, porque do Lobito posso falar com propriedade. O torneio municipal do Girabairro é financiado pelas próprias equipas e não tenho nenhum conhecimento de outro apoio. As equipas pagam as suas inscrições, sendo 14 da primeira divisão e dez na segunda, e dos valores fornecidos pelas equipas sai as verbas para o pagamento das verbas. É preciso ressaltar aquilo que é o papel desempenhado pelos presidentes das equipas do Girabairro. Devemos reconhecer o grande apoio dos presidentes dos clubes do Lobito, que tiram do seu dinheiro para pagarem os campos, comprar bolas e pagarem os árbitros, muitas das vezes prejudicando as suas próprias famílias. É necessário reconhecer o trabalho que estes dirigentes desportivos têm feito para manterem a juventude na prática do desporto, para manter a juventude ordeira e manter o desporto de recreação no nosso bairro e na nossa localidade”.
OBJECTIVO
“Queremos a final do torneio”
Com que objectivos o Flamingos parte para a disputa da fase nacional do Girabairro?
“O nosso objectivo enquanto representantes da província de Benguela é chegar a final. Já participamos quatro vezes na fase nacional. Em 2010, 2011 e 2013 fomos os campeões nacionais e, em 2015, fomos eliminados nas meias-finais, ou seja, continuamos a ser os bicampeões nacionais, mérito que não foi alcançado por qualquer outra equipa. É um facto inédito sermos a mesma equipa da mesma província a conquistar duas vezes consecutiva a mesma taça e a mesma equipa da mesma província a chegar quatro vezes as meias-finais e a mesma equipa a chegar três vezes a final do Girabairro”.
Acreditam que podem ser novamente campeões?
“O nosso grande propósito nesta fase nacional do Girabairro é representar condignamente a província de Benguela, sabendo e respeitando que todas as províncias vão com o mesmo objectivo, porque a fase nacional está a tornar-se muito competitivo. Conhecemos as dificuldades, porque já fomos quatro vezes à final e vamos tentar lutar para no máximo chegarmos à final da competição”.
Espera conservar a hegemonia do Girabairro de Benguela por muitos mais anos ou tem outros objectivos?
“Achamos que já cumprimos com a nossa missão no Girabairro e o nosso próximo passo é participar no campeonato provincial de futebol de Benguela, prova organizada pela Associação Provinvial de Futebol. Acho que já se justifica e entendemos que devemos deixar espaço para que surjam outras equipas no Girabairro. Queremos ganhar outra experiência no campeonato provincial de Benguela. É neste sentido que vamos competitir ao longo dos próximos seis anos e depois pensar em competir na segunda divisão”.
PC
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