Técnico da Cáala está de olhos na Taça de Angola

Recreativo da Caála defronta o Sagrada Esperança nas meias-finais da segunda maior prova futebolística do país
Fotografia: Jornal dos Desportos
O técnico principal do Recreativo da Caála, Fernando Pereira, considera positiva e rica a experiência que vive na qualidade de chefe da equipa técnica da formação do Planalto Central. Há quatro anos no clube, antes como treinador de guarda-redes, o jovem técnico ambiciona colocar a equipa nas melhores posições do Girabola e tudo faz para que esse objectivo seja cumprido. Diz que em momento algum sofreu pressão dos adeptos e da direcção do clube devido à prestação menos boa dos caalaenses na competição.
Fernando Pereira considera “difícil e atípica” a prestação do Caála na época futebolística em curso e diz que, em muitos casos, faltou sorte à equipa, pois ela jogou bem, mas não venceu. O treinador do grémio do Huambo disse que a sua equipa tem mais valores que podiam estar na Selecção Nacional - Vado foi o único convocado, mas acabou por ser afastado por lesão -, mas reconhece que os que lá estão têm mérito. O jovem técnico não abriu o livro quando questionado se pretendia continuar como técnico principal na próxima época ou se regressaria à condição de treinador de guarda-redes. “O futuro a Deus pertence”, disse.
Jornal dos Desportos (JD) – Fez este ano a sua estreia como técnico principal do Recreativo Caála. Como está a ser essa experiência?
Fernando Pereira (FP) – Todas as experiências fazem-nos crescer. Esta, para mim, tem sido uma experiência muito positiva e enriquecedora, porque posso avaliar e melhorar cada vez mais as minhas capacidades como treinador.
JD – Em função do desempenho da equipa até à altura em que assumiu o comando técnico, sentiu alguma pressão dos adeptos e da direcção do clube?
FP – Não considero pressão. Sinto, sim, uma grande responsabilidade e um enorme orgulho em estar à frente deste grande clube. Sou funcionário e profissional deste clube e representar uma província como é a nossa dá-me uma grande satisfação. Seria fácil ficar no meu anterior lugar, como técnico de guarda-redes, mas, como sou um homem de desafios, senti-me e sinto-me preparado para ajudar de forma incondicional o CRC (Clube Recreativo da Caála). Não senti pressão, nem dos adeptos, nem da direcção. Aliás, aproveito para referir que a direcção sempre me apoiou desde o primeiro instante.
JD – Quer com isso dizer que mantém o desafio de no próximo ano continuar como técnico principal?
FP – O meu pensamento de momento é o de colocar o clube num lugar tranquilo no campeonato. O futuro a Deus pertence.
JD – Como avalia a actual posição (10ª) do Caála no Girabola?
FP – Para minha tristeza, vejo o nosso clube numa posição que não condiz com os nossos pergaminhos. Mas nesta ponta final, demonstrámos que podíamos ficar lá mais em cima.
ESTE ANO
Uma época atípica
JD – Caso a direcção decidida contratar um novo técnico principal para a próxima época, pensa manter-se no clube como treinador de guarda-redes?
FP – Espero acabar a época com o sentido do dever comprido.
JD – Além do Recreativo da Caála, que equipa gostaria de treinar no Girabola?
FP – Neste momento, estou focalizado apenas em obter o melhor resultado para o clube e não estou preocupado com outros clubes.
JD – Disse que está triste com a posição actual do Caála no Girabola. A duas jornadas do fim do campeonato, é possível fazer o balanço da temporada?
FP – Foi uma época difícil e atípica em relação aos anos anteriores. Os resultados não ajudaram as prestações da equipa. Tivemos jogos em que jogámos muito bem, só não tivemos por vezes o factor sorte do nosso lado.
JD – Ao contrário dos anos anteriores, em que fez boa figura, na época em curso o Recreativo da Caála está a realizar um campeonato em que pontua mais em casa. A que se deve essa situação?
FP – As equipas do nosso campeonato estão cada vez mais fortes e o factor casa, para nós, assim como para todas as equipas, ajuda bastante.
JUSTO CAMPEÃO
CR do Libolo foi a equipa
mais regular do campeonato
JD – Como analisa a 34ª edição do Campeonato Nacional?
FP – Ano após ano, vejo o Girabola com mais competitividade, já não tem equipas muito superiores. Trata-se de um campeonato cada vez mais competitivo.
JD – Na sua opinião, a arbitragem conseguiu acompanhar o ritmo da competição?
FP – Este ano, a arbitragem esteve longe das expectativas, cometeu alguns erros que prejudicaram certos jogos.
JD – De um a cinco pontos, que nota atribuiria à arbitragem no presente Girabola?
FP – Sinceramente, daria a nota três.
JD – O Recreativo do Libolo conquistou o título quando restavam três jornadas para o final do Girabola. O que se lhe oferece dizer?
FP – Foi a equipa mais regular do campeonato. Aproveito para lhes dar os parabéns por mais um título.
JD – Quer com isso dizer que o Libolo acabou por ser a melhor equipa no Girabola?
FP – Sem querer menosprezar as restantes equipas, tenho de aceitar o campeão como sendo a melhor equipa.
JD – As constantes paragens no Girabola prejudicaram o desempenho da vossa equipa?
FP – Por incrível que pareça, as paragens não prejudicaram muito. Basta seguir o mês de Setembro. Após uma grande paragem, realizámos seis jogos sem perder e sem sofrer golos, foi mérito dos nossos atletas.
“Queremos chegar à final
e vencer a Taça de Angola”
JD – O Recreativo da Caála conseguiu chegar às meias-finais da Taça de Angola. É um mérito ou considera um bónus a vossa presença nessa fase da competição?
FP – Mérito e fruto de um bom trabalho realizado pela nossa estrutura, refiro-me à direcção do clube, equipa técnica, jogadores e os próprios sócios.
JD – Pensa chegar à final e discutir o título da Taça de Angola?
FP – Fizemos uma excelente caminhada. Com o apoio dos nossos sócios e da direcção do clube, estamos nas meias-finais e, como é lógico, vamos fazer tudo para chegar à final e vencer. É a única competição que nos resta, por isso, vamos fazer tudo para salvar a época. Não temos outra alternativa.
JD – Como vê a organização administrativa no CR da Caála?
FP – Pelas quatro épocas em que represento o CRC, tenho muito orgulho em dizer que, ano após ano, a organização está cada vez melhor, com a entrada de grandes profissionais e a sabedoria dos mesmos. Acredito que, num curto espaço de tempo, o nosso clube possa ser um dos grandes de Angola.
JD – Teve os atletas que pretendia para a segunda volta do campeonato, uma vez que assumiu o comando da equipa a meio da época desportiva?
FP – Havia necessidade de reforçar os três sectores da equipa, devido a castigos e lesões. Os reforços vieram ajudar a tapar as lacunas que tínhamos.
JD – Então, os reforços acabaram por ser uma mais-valia para os vossos objectivos?
FP – Sim. Reforçamos os três sectores, com dois jogadores experientes e uma grande promessa no nosso futebol.
JD – O Caála teve jogadores para conseguir um lugar melhor do que ocupa (10º) neste Girabola?
FP – O nosso plantel tem muito valor e já deu provas neste campeonato. Os nossos jogadores tudo fizeram para conseguir um melhor lugar no Girabola. A prova está nos resultados da segunda volta. Com os reforços e a motivação que os atletas demonstraram e têm demonstrado, estamos a fazer coisas boas.
CR DA CAÁLA
Adeptos da equipa vivem intensamente
JD – Os adeptos do Caála são muito exigentes?
FP – Os adeptos são exigentes em todos os clubes. Os do nosso clube não são diferentes. Sinto que vivem o clube de uma forma muito intensa. Isso faz muito bem para quem está a comandar a equipa. O lema dos nossos adeptos é o mesmo da nossa equipa: queremos sempre ganhar! Quando as coisas não estão a correr bem, é normal alguns adeptos se manifestarem de forma negativa, mas, quem anda no futebol profissional tem de ter a capacidade de saber ouvir as coisas menos boas, o que não significa ficar melindrado, mas sim continuar com toda a energia positiva e ajudar a equipa na concretização de resultados.
JD – Quando tomou a liderança da equipa, o que lhe pediu a direcção do clube?
FP – Mudar o ciclo dos resultados e obter a melhor classificação possível. Como sabe, estávamos a fazer maus resultados na altura.
JD – Sente-se incomodado com a actual posição da equipa no campeonato?
FP – Acreditamos sempre no nosso trabalho. Os resultados demoraram a chegar, mas nunca desistimos, porque sabíamos que, mais cedo ou mais tarde, íamos sair da posição em que nos encontrávamos.
JD – Nunca duvidou da permanência na I Divisão?
FP – Esse pensamento nunca passou por nós. Mesmo estando, por momentos, em situação difícil, sempre acreditamos que era passageira.
DOMINGO
Palancas vão
orgulhar Angola
JD – Os Palancas Negras jogam no dia 14 do corrente frente ao Zimbabwe, com quem perderam por 1-3 no desafio da primeira-mão. Acredita que a Selecção Nacional pode mudar este resultado e garantir a qualificação à fase final do CAN 2013?
FP – Temos excelentes jogadores e, como angolano que sou, acredito no valor de cada jogador que for chamado para o jogo com o Zimbabwe. Creio que os Palancas Negras vão orgulhar todos os angolanos.
JD – Como treinador, qual seria a melhor opção a usar por Gustavo Ferrín para anular a vantagem dos zimbaweanos?
FP – Incutir nos nossos jogadores uma mensagem de “querer e conquista”, porque o resto eles sabem fazer. Se forem unidos e tiverem uma atitude ganhadora, vamos todos sair felizes no final da partida.
JD – Este ano, dois atletas do Caála, Edson e Vado, foram convocados para a selecção de honras. O que representam essas chamadas para o clube?
FP – É um orgulho para todos nós, pois eles foram chamados por mérito. Isso é sinal que o trabalho desenvolvido obteve frutos. Em minha opinião, foram chamados dois excelentes jogadores, mas no nosso plantel há mais valores com perfil para representar a Selecção Nacional de honras.
JD – Que mensagem deixa aos amantes do futebol neste grande momento para o futebol angolano?
FP – Que no domingo vão encher o Estádio 11 de Novembro e apoiar a nossa selecção do primeiro ao último minuto. Um jogador motivado tem outra dinâmica dentro das quatro linhas.
PERFIL
Nome: Fernando Domingos Pereira.
Filiação: Cândido da Costa Pereira e Sebastiana Domingos
Data de nascimento: 16/12/1973
Nascimento: Luanda.
Estado civil? Divorciado
Filhos: Três
Clubes como atleta: Leixões, Valpaços, Oriental Lisboa e Santa Clara.
Clubes como treinador: Santa Clara e Clube Recreativo da Caála.
Melhor jogador: Akwá, com quem tive o privilégio de jogar. Com o devido respeito que todos os outros jogadores me merecem, o Akwá marcou-me pela forma de jogar e estar na vida.
Melhor técnico: José Mourinho.
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