Jornal dos Desportos

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Entrevistas

"Voltei para abraçar um projecto"

Paulo Caculo - 13 de Novembro, 2013

Divaldo Alves depois de cumprir um ciclo da carreira no exterior do país analisa a possibilidade de treinar no Girabola

Fotografia: Jornal dos Desportos

O treinador Divaldo Alves disse ontem, em entrevista ao Jornal dos Desportos, estar disponível para  abraçar uma eventual proposta para treinar no Girabola. A gozar férias no país, após cumprir mais uma etapa da sua carreira no futebol asiático, o técnico notabilizou-se ao serviço da equipa principal do Persebaya da I Liga da Indonésia, aproveitou a estada em Luanda, para confessar o desejo de regressar ao país.

“Decidi rescindir o meu contrato na Malásia, porque era um projecto que, do meu ponto de vista, já não valia a pena. Vim para o meu país, porque nunca trabalhei cá, como sempre foi meu sonho regressar um dia a Angola, para treinar uma equipa no Girabola. Estou aqui disponível para abraçar qualquer projecto positivo e ganhador”, disse o profissional angolano que tem uma graduação de nível superior, “Pro-Nível”, dos cursos de treinadores da UEFA.

“Tenho ambições altas e estou disponível para contribuir, porque gostava de ter títulos em Angola. Sempre fui um treinador ambicioso, aprendi isso desde os tempos que era ainda jogador, em Portugal. Espero que surja uma oportunidade para trabalhar no meu país”, acrescentou Divaldo Alves.Apesar de ter passado por outras experiências como treinador no futebol europeu, foi no campeonato da Indonésia onde o técnico ganhou enormevisibilidade. Em 2009, esteve na “boca do mundo” ao colocar o PSMS Medan , nos quartos-de-final da AFC CUP. Há dois anos, o treinador esteve com o Persebaya na AFC’2011, uma competição internacional que se realiza todos os anos, em Dezembro, com a integração de clubes da Tailândia, Malásia, Singapura e Hong Kong.

O Persebaya da Indonésia atingiu a final da prova, onde defrontou o Kelantan FA da Malásia.  “Do Benfica de Portugal fui logo para a Indonésia, com a possibilidade de trabalhar para um clube que ia para a Champions AFC, com jogadores experientes e alguns ex-profissionais da selecção da Argentina, Nigéria e da Indonésia, num projecto aliciante que não podia recusar. Vi ali a possibilidade de poder estrear-me na carreira com um troféu no campeonato indonês”, contou o técnico angolano.

CARREIRA
“Sonho ser campeão em Angola”


Divaldo Alves acredita que não vai descansar, enquanto não materializar o sonho de se tornar campeão do Girabola. O treinador diz que alimenta o propósito, porque acredita que surja  uma proposta para treinar já na próxima época, dado o facto de ser  acompanhado por agentes do futebol, durante as épocas que cumpriu nos campeonatos na Europa e Ásia.Aprendi muito e continuo a aprender sempre, nesta minha carreira pelo futebol no estrangeiro. Tenho aprendido a lidar com a massa associativa, com os média, porque a pressão é sempre enorme e foi extremamente positivo, pois aprendi muito com esta experiência em Portugal e na Indonésia. Nestes países pude absorver boas experiências do futebol local, aprendi muito com os jogos internacionais que tive.

Espero poder aprender ainda mais no meu país”, sublinhou o treinador revelação do campeonato indonês.  “Tive a oportunidade de trabalhar com jogadores de renome no futebol na Indonésia, a exemplos do Maurito, que jogou no Petro de Luanda, Zada (ex-Vasco da Gama), Henry Makinwa, (ex-Nigéria), Amaral (ex-Benfica de Lisboa, Fiorentina e Parma de Itália), Mário Karlovic (ex-Torino e Milan), Susak, da selecção da Austrália e outros jogadores de renome internacional”, referiu.  O técnico formado em Portugal em Espanha confessou, que antes de deixar a Malásia recebeu uma proposta do Alsade FC, “mas infelizmente não se concretizou, por motivos contratuais”, pelo que, espera poder ter a sorte de conseguir, neste regresso ao país, abraçar uma nova carreira em Angola.

CONSTATAÇÃO
“Temos talentos de sobra”


O técnico mostra-se crente quanto ao futuro do futebol. Divaldo Alves justifica o seu optimismo com o facto de acreditar, que existem futebolistas angolanos muito criativos e de grande potencial a evoluir em Angola e na diáspora. “Aposto que temos talentos que cheguem e sobram, que bem trabalhados podem chegar ao futebol de topo mundial. É necessário criar, desenvolver, descobrir estes jogadores, para colocarem bem alto a Bandeira de Angola no exterior do país”, desejou o técnico angolano.

Para que o futebol e os nossos talentos tenham êxitos, de acordo com Divaldo Alves, era importante fazer um trabalho minucioso a todos os níveis, com condições de trabalho desde locais de treino, material de trabalho, campos para os jovens e para os profissionais e, sobretudo formação para os técnicos. “Precisamos de apostar mais em técnicos formados e capacitados e, se possível em quadros angolanos competentes. O nosso futebol tem muito por fazer, mas só com projectos mensuráveis, com grande trabalho, seriedade e determinação era possível alcançar o êxito que pretendemos. Mas estamos no caminho certo, porque já temos jogadores a jogar nas melhores ligas europeias, facto que ajuda a elevar a qualidade”.