O Dia da Mãe é comemorado em Angola e em muitos outros países, no primeiro domingo do mês de Maio. É uma data católica celebrada em homenagem à Virgem Maria, mãe de Jesus.
Luanda prepara-se para acolher o maior evento internacional de tecnologias, comunicações e inovação realizado no país, o ANGOTIC’2024, que terá lugar nos dias 13, 14 e 15 de Junho, sob o lema “Digitalizar, Conectar e Inovar”.
Neste mês dedicado à juventude, propusemo-nos trazer, à ribalta, parte da história de vida de mais um jovem angolano, que, fruto da sua determinação e resiliência, construiu um percurso empresarial digno de respeito, podendo ser, por isso, um exemplo a seguir para quem pretender trilhar os mesmos caminhos.
Garcia Bunga Pedro Alberto é jovem empresário, natural do município dos Buengas, província do Uíge, que, há anos, actuam nos ramos da construção civil, transportes públicos e prestação de serviços.
Para Garcia Bunga Pedro Alberto, o "bicho” de empreendedorismo começou em meio a tantas dificuldades de sobrevivência, quando, ainda com 11 anos de idade, acompanhava a mãe ao mercado para ajudá-la a vender sabão.
"O bicho de empreendedorismo surgiu, desde muito pequeno, porque a minha mãe vendia no mercado e eu, aos meus 11 anos de idade, ia ajudá-la nas vendas de sabão. Mas ia ajudá-la por uma questão de fome, porque em casa só tínhamos o jantar e objectivo era o de esperar que no final do dia, se conseguisse algum dinheiro para comprar o jantar”, disse.
Filho de José Bunga Alberto e de Sofia Pedro, o jovem, de 36 anos, revelou ter integrado o grupo dos acólitos da Sé Catedral, da Igreja Católica, na cidade do Uíge, mas que três anos depois teve que desistir, por conta das adversidades, que o obrigaram a recorrer à loja de um dos seus avôs, onde passou a recolher recipientes de cerveja para que, no final do dia, lhe fosse dado algum dinheiro para comprar qualquer coisa para se alimentar.
"Recolhia latas de cerveja e o avô me dava, no final do dia, algum dinheiro, mas depois de um ano, ganhou confiança em mim e incumbiu-me a responsabilidade de gerir a loja por algum tempo, porque ele teve que viajar para o Dubai. Durante o período em que fiquei a gerir a loja, fui ganhando experiência de gestão e comecei a ter ideias de empreender. E quando, infelizmente, a loja do avô faliu em 2005, pensei, no ano seguinte, em fazer uma coisa própria e decidi comprar um computador a um amigo de infância, no valor de 35 mil Kwanzas. Depois viajei para Luanda comprar uma impressora e comecei a fazer o trabalho de fotocópia e impressão de documentos”, contou.
O equipamento, acrescentou, foi instalado num espaço que lhe tinha sido cedido pelos proprietários de uma alfaiataria que havia, na época, no piso térreo do prédio Congo Agrícola, onde, em pouco tempo, teve rendimentos consideráveis, que lhe permitiram comprar mais um computador para melhorar os serviços.
"Depois de comprar o segundo computador senti a necessidade de arrendar um espaço maior no prédio do Pinguim, pagando 100 dólares, por mês. A partir deste momento, passei a ter contratos com as administrações municipais e escolas para o fornecimento de alguns materiais e emitir certificados, mas, infelizmente, alguns anos mais tarde, o dono pediu o espaço e tive que interromper o negócio e vendi os comutadores e as impressoras”, referiu.
Mas Garcia Bunga Pedro Alberto não se deixou abalar e seguiu em frente, abrindo uma cantina, que um ano depois veio a encerrar, tendo, em seguida, ingressado na função pública como professor, colocado no município do Songo. Anos mais tarde, a administração municipal o contratou como seu técnico.
"Após, em 2008, concluir o ensino médio, na especialidade de Matemática e Física, no Instituto Médio Normal de Educação (IMNE), actual Escola de Formação de Professores, ingressei, no ano seguinte, na Universidade Kimpa Vita, para fazer o curso de Informática de Gestão”, disse, recordando que já no terceiro ano, viu-se forçado a interromper a formação, devido ao volume de trabalho que tinha na administração municipal do Songo, tendo retomado os estudos em 2009, frequentando outra especialidade, a de economia, que veio a concluir em 2017.
"No decurso deste período de formação, parei com os negócios, mas o bicho de empreendedorismo que está dentro de mim não parou de incomodar. Foi assim que pedi um espaço do meu pai, onde construi uma loja, de aproximadamente cinco metros quadrados, para a venda de material informático. Este negócio foi evoluindo e senti a necessidade de ter uma loja maior, é assim que vou adquirir a loja do prédio Congo Agrícola, que até ao momento funciona”, indicou.
As ambições de Garcia Bunga Pedro Alberto, solteiro e pai de três filhos, não se limitaram por aí, e ele engendrou outros negócios. Em 2018, criaou um bar, no bairro Popular, arredores da cidade do "Bago Vermelho”. No ano seguinte, 2019, constituiu uma clínica, que, como fez saber, foi transferida para a capital do país, Luanda.
"Também operamos na área dos transportes públicos. Houve um concurso do governo, onde a nossa empresa ganhou quatro autocarros”, frisou Garcia Bunga Pedro Alberto, que é o terceiro filho dos seus pais.
O empresário confidenciou, que no ramo da construção civil, entre outros serviços, a sua empresa, designada por "GAPEAL”, tem, também, actuado na terraplanagem de vias de acesso às distintas zonas do interior da província. A empresa possui, neste momento, 12 máquinas de distintas funções para a manutenção de estradas, e mais de 15 camiões. A força de trabalho é constituída por 58 pessoas, em regime de efectividade.
Questionado sobre os incentivos que o Governo tem criado para a classe empresarial, o jovem reconheceu haver vários e que, segundo ele, demonstram a vontade de quem governa na procura de mecanismos viáveis para o desenvolvimento económico do país. Sublinhou que a maior preocupação da classe empresarial reside na excessiva burocracia, assim como na forma de interpretação dos programas de financiamento, por parte dos bancos.
Referiu, ainda, que são vários os jovens, que, no Uíge, beneficiaram de créditos à luz de alguns programas criados pelo Governo, mas que pouco ou nada fizeram com o dinheiro recebido, facto que, como notou, deixa quem financiam com algum receio em contemplar outros, pelo facto de os primeiros terem falhado.
"No Uíge, graças a Deus, vários jovens empreendedores já beneficiaram de financiamentos, embora uns geriram mal os negócios. Mas não é o nosso caso. Temos merecido a confiança do governo provincial e das administrações em participarmos nos cursos públicos realizados, à luz da Lei de contratação pública. Quero aqui frisar o Governo não dá trabalho a quem está sentado em casa. E, também, não dá trabalho só porque alguém tem documentos da empresa, mas sim, dá trabalho a quem já tem uma iniciativa”, disse.
Sobre o actual contexto económico adverso que o país atravessa, o empresário frisou que a classe deve ter a capacidade de se reinventar em momentos de crise, criando novos negócios, através do aproveitamento das poucas oportunidades que vão surgindo, para conseguirem se manter.
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