Das infra-estruturas ao financiamento bancário, passando pelos parques naturais, não faltaram temas na conversa com o director Nacional de Estruturação e Desenvolvimento Turístico. Incipiente até à independência de Angola e relegado para segundo plano durante a guerra, o Turismo é agora visto pelas autoridades como uma prioridade para desenvolver a economia do país. Dinis Magalhães Quicassa é a favor de investimentos no sector mas admite que o mesmo continua a ter níveis de financiamento bancário muito baixos e insignificantes
Em entrevista ao Jornal de Angola, a Subcomissária Teresa Márcia, 2ª Comandante Provincial de Luanda do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros (SPCB), que atende a área Operativa, falou sobre a operacionalidade e a actuação deste órgão do Ministério do Interior responsável pela salvaguarda da vida dos cidadãos e seus bens patrimoniais.E como não podia deixar de ser, falou do seu sonho antigo e concretizado de ser bombeira e dos desafios que as mulheres enfrentam nessa nobre profissão
Quando se pensa e se fala em Serviço de Protecção Civil e Bombeiros, resume-se muito à extinção de incêndios. Isso faz algum sentido?
Eu digo todos os dias que o Bombeiro não extingue só incêndios, ou não apaga apenas fogo, como se diz na gíria. Nós temos várias funcionalidades dentro dos Bombeiros. Temos o atendimento pré-hospitalar, a área de resgate, a área de salvamento no mar… Acho que o público, em geral, não deve ter esse pensamento de que o bombeiro só apaga fogo. O universo dos Bombeiros é muito extensivo para nos limitarmos só a extinguir incêndios. Um efectivo dos Bombeiros está preparado para fazer outros serviços. Prova disso é o que temos aqui no nosso ombro (apontando para a sua patente)… nós não temos estrela, para nós isso é uma turbina. Todo e qualquer meio funcional com turbina é um meio potente, então para isso somos os Bombeiros, os potentes, as valências máximas do Ministério do Interior.
Existe
no país uma estratégia ou plano nacional de primeiros socorros e prevenção de
incêndios?
Existe!O plano em si, como tal, é uma norma já vigente que temos no nosso estatuto orgânico, no funcionamento daquilo que é a estrutura dos Bombeiros. Pretendemos, por exemplo criar mais destacamentos de resgate para expandi-los pelo país inteiro e para que a resposta seja mais rápida.
Muitas
vezes, os Bombeiros são criticados pela população, por conta dos atrasos em
caso de incêndio ou outro incidente...
Na
minha visão, é falta de interesse nas informações. Muitas vezes, a população
não tem atenção às informações transmitidas por nós, principalmente sobre os
números de atendimento. O 115 neste momento está inoperante. Trabalhamos agora
com o Centro Integrado de Segurança Pública (CISP), cujo número telefónico é o
111, e com os comandos municipais [da Polícia]. Dentro dos comandos municipais
tem os quartéis [dos Bombeiros] de apoio a estas unidades. As pessoas têm que
começar a prestar mais atenção às informações, aos números a que têm de ligar
em caso de ocorrências para acudirmos rapidamente à população. Bombeiro não
atrasa, o que atrasa é a comunicação aos bombeiros.
É satisfatória a formação e apetrechamento em meios para atender às necessidades e desafios do SPCB?
A satisfação depende muito daquilo que é a dinâmica. Nós nos enquadramos bem naquilo que é a realidade hoje. Há aquela adaptação para que os serviços não parem. Acredito que nós conseguimos nos enquadrar melhor naquilo que são as principais preocupações para acudir a população.
Pode
fazer uma descrição do
ciclo de formação de
um técnico do Serviçode
Protecção Civil e
Bombeiros?
Estamos com 60 por cento de técnicos superiores aqui no Serviço de Protecção Civil e Bombeiros, em várias especialidades.
No
tempo chuvoso, sobretudo nos meses de Novembro, Fevereiro, Março e Abril, as
acções do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros são mais proactivas ou mais
reactivas?
Antes, durante e após as chuvas, nós temos um programa. Trabalhamos primeiro na prevenção, depois na acção, e, posteriormente, no combate.Todos os anos sabemos quais são os meses de chuva, então nós temos que preparar um plano de contingência para protecção civil, que dá respostas àquilo que são as dificuldades encontradas na nossa área.
Seria
exagerado esperar que o SPCB entrasse em prevenção tão logo houvesse previsão de
fortes chuvas?
Não, não seria exagerado. Apelo à população a se inteirar mais sobre os nossos serviços, onde começam os nossos deveres e as nossas obrigações. A população deve começar a ter essa dinâmica de procurar o SPCB, para esclarecermos, de facto, quem somos. Muitos perderam a credibilidade nos Bombeiros, deixaram de acreditar nos nossos serviços e o serviço privado tomou o corpo daquilo que é o SPCB. Devemos começar a mudar a política, a nos inteirarmos mais, procurarmos mais as informações pontuais, para colmatarmos as dificuldades que a população tem. Muitas vezes é mesmo só a falta de informação que gera este "alvoroço” todo o tipo de problemas que encontramos aqui na cidade de Luanda.
Existe
algum plano de aproximação e interacção com o cidadão, para que este tenha um
conhecimento amplo e detalhado das funções e atribuições dos Bombeiros?
É claro que há. Neste momento temos uma equipa na Quiminha, no município de Icolo e Bengo, por causa das comportas que estão muito altas. Neste momento não está a chover, mas tem uma equipa a trabalhar para quando houver chuvas, as grandes enxurradas, o terreno estar muito melhor preparado. Agora os nossos efectivos estão lá, através de um plano de contingência sobre a Protecção Civil e Bombeiros na época chuvosa.
O
Serviço de Protecção Civil e Bombeiros continua a fornecer formação às empresas
sobre o uso dos extintores?
Sim, continua. Nós fazemos uma formação de brigada para todos os funcionários privados, e não só, para evitarem problemas nas grandes empresas. Formamos dentro das nossas unidades e nas empresas que nos solicitam enviamos brigadistas para darem resposta rápida aos nossos serviços.
Dentro
do plano de aproximação ao cidadão, não acha que se devia ponderar a introdução
nas escolas da disciplina de primeiros socorros e extinção de incêndios?
Esse programa existe a nível de todos os municípios de Luanda. Temos estado em algumas escolas para explicar aos estudantes as acções e procedimentos a cumprir em casos de chuva, incêndio ou atropelamento.
Que
números temos de afogamentos em Luanda? Reduziram?
Nesta época, os números reduziram consideravelmente. Temos o programa "Maré Baixa”, no âmbito do qual todos os finais de semana os nadadores-salvadores do SPCB ficam localizados nos principais pontos da orla marítima.
As altas temperaturas aumentam
a probabilidade de deflagração de incêndios. Que medidas tencionam implementar?
Temos um espaço num dos programas da Rádio Luanda, às sete horas, onde o porta-voz do SPCB tem estado a esclarecer algumas medidas de prevenção. Por exemplo, está muito quente e as pessoas tendem a ter muitos aparelhos de ar condicionado ligados em casa e as ligações não são as mais adequadas possíveis. Estamos a passar à população como deve proceder e como fazer as ligações. Outro exemplo, numa ficha em casa não pode ter mais de quatro ou cinco aparelhos ligados.
Qual
é a relação entre o SPCB e o Instituto Nacional de Emergências Médicas de
Angola (INEMA) no que a prestação dos primeiros socorros diz respeito?
É assim, nós temos o APH(Atendimento Pré-Hospitalar) que o INEMA também tem. Outrora trabalhávamos em conjunto, pois este trabalho foi criado para trabalharem as duas equipas. O INEMA tem a ambulância medicalizada, que é uma clínica móvel. Nós fazemos o resgate e o INEMA leva ao hospital. Não há muita diferença dos nossos serviços com os do INEMA. O INEMA fica na via pública, a diferença é que os Bombeiros ficam alocados nos quartéis municipais e destacamentos, onde estão em prontidão para acudir qualquer incidente. O INEMA muitas vezes está mais próximo, mas o trabalho não difere muito.
As bocas de incêndio montadas em diversos bairros têm sido ensaiadas? Muitas
foram destruídas e há zonas que nascem sem essas bocas. O que nos pode dizer
sobre essa situação?
Agumas vezes as bocas de incêndio não casam com as mangueiras de extinção que nós temos. Começamos a fazer ensaios na Vida Pacífica, em algumas bocas de incêndio que casam com as nossas mangueiras, a fazer combinações para ver se sai água. Na verdade, digo que existem algumas que não estão a funcionar. Estamos a fazer um levantamento para elaborar um relatório que vamos entregar às entidades de direito para repôr a legalidade.
Quais
são as principais preocupações do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros dentro
das comunidades?
São as vias de acesso. As vias de acesso são o nosso calcanhar de Aquiles. Se nos chamarem agora para uma intervenção num desses bairros com becos sem saída, a nossa viatura não consegue sequer entrar no local do incidente para extinguir ou fazer o resgate, porque não tem acesso. Em muitos bairros nós temos que fazer apeados. E apeados não temos como levar a técnica. Então isso nos preocupa muito.
Uma
dica de prevenção, em caso de incêndio doméstico...
Por
exemplo, se tiver uma frigideira em combustão, nunca jogue água. Prepare uma
manta ou uma toalha húmida para fazer o termo de abafamento. Abra a manta por
cima da frigideira e o fogo todo em cima cessa.
Quais são os grandes casos em que,pessoalmente, interveio?
Na queda do edifício 76-78, na Avenida Comandante Valódia, eu é que dirigi a operação. Ficamos durante três dias fazendo resgate e evacuação do pessoal. Graças a Deus não tivemos vítimas mortais. Um outro caso é o incidente ocorrido no Porto de Luanda, em que uma viatura desgovernada destruiu o Terminal Marítimo de Passageiros. São vários, desde acidentes, afogamentos, entre outros. Em todos os incidentes de grande proporção tenho o direito e a obrigação de lá estar para direccionar as equipas.
O
que a motivou a ser bombeira?
Tive muitas motivações para trabalhar no Serviço de Protecção Civil e Bombeiros. Uma delas é o lema "Dar Vida Para Salvar Vidas”. Eu tinha um núcleo de amigos que ajudavam hospitais com carências e crianças abandonadas. O lema dos Bombeiros enquadrava-se naquilo que era o nosso propósito. Quando terminei o Ensino Superior tive oportunidade de ingressar no SPCB e só juntei o útil ao agradável.
Já
era então um sonho ser bombeira?
Na verdade eu sempre gostei de disciplina e encontrei a vaga para ingressar nesse órgão castrense. Aquilo só foi juntar o meu gosto e a minha disciplina para enquadrar-me no SPCB. Toda criança quer ser bombeira e eu não fugi à regra, queria ser a heroína da família. Entrei nos Bombeiros, onde me enquadro muito bem.
Como
consegue conciliar o serviço e a família?
É uma tarefa difícil no princípio, porque não estamos preparados. Principalmente nós, senhoras. E sou mãe e esposa. Temos de ter um parceiro que nos percebe. Não é fácil, mas é possível. Tem sido uma ginástica todos os dias ao sair e regressar a casa. Para conciliar é preciso saber separar. Sou Comandante no serviço, em casa sou dona de casa e mãe.
Ao
atingir este cargo de Comandante, considera um sonho realizado ou pretende
alcançar mais?
Eu sou da teoria que um soldado almeja ser general. O topo de qualquer organização, todo e qualquer indivíduo quer atingir. Por que não ser a primeira mulher a fazer história no SPCB? Ser uma Comandante Nacional? Hoje já temos abertura para comandantes provinciais. Vamos ter abertura para comandantes nacionais. Quiçá, ministra do Interior ou secretária de Estado? Querer é poder e a gente tem que sonhar mesmo o mais alto possível, toda mulher que tem "um olhar de águia” sempre pensa e sonha mais alto. E eu não estou a fugir à regra.
Quais
foram as maiores dificuldades que encontrou no início da sua carreira?
Aceitação do género. Eu já estou nos Bombeiros há 19 anos. E nunca foi fácil. Principalmente para mim que já fui chefe de turno, chefe de viatura, comandante municipal… sempre encontras aquela aflição do lado masculino, que não aceita, muitas vezes, uma ordem ou orientação de uma mulher. Então, eu acho que neste órgão castrense se você não se impor, não vai saber realmente qual é o seu maior papel na organização.
É
visível que a senhora é inspiração para muitas mulheres, principalmente as
bombeiras. Nas paradas qual é a mensagem de incentivo que passa para esta
classe?
Para acreditarem mais em si e não desistirem, pois a vida é feita de obstáculos. Tudo o que é fácil, termina fácil. As coisas mais difíceis têm mais sabor. Não desistam, confiem em si e tenham foco, uma direcção. Quando tens foco, uma direcção, sabes para onde caminhar. Deves ter alguém como pilar. Alguém em quem você se inspira. Quando tens alguém que te inspira, a tua necessidade de crescer e ser como esta pessoa é muito alta. Eu acho que as mulheres do Serviço de Protecção Civil e Bombeiros têm que mostrar que são muito fortes. Não têm que parar na primeira queda. Quem cai uma vez, vai cair sempre até um dia estar firme e não ter queda. Eu acho que não podem desistir, devem acreditar nos seus sonhos e irem atrás.
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