A cidade de Luanda acolhe, de 13 a 16 do corrente mês, o primeiro Congresso de Banco de Leite Humano da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), com foco na segurança alimentar e nutricional para recém-nascidos de risco e lactentes.
Os excursionistas que chegaram domingo a Luanda, vindos do Namibe, elogiaram as belezas naturais e espaços históricos e culturais do país. Provenientes de Welvis Bay, na Namíbia, os visitantes, cuja embarcação teve como ponto de partida o estado de Miami, nos Estados Unidos, efectuaram uma visita de horas por alguns locais de Luanda.
Quem vê Mariana Mártires Domingos “Mana Chana” a ensinar os alunos numa sala de aulas nem imagina que a senhora trajada de bata branca e de giz nas mãos é especialista na confecção de temperos à base de produtos nacionais.
Mana Chana, cuja alcunha virou marca comercial, famosa no Lubango e Angola a dentro, é uma professora de Matemática que concilia a docência com os dotes de fabrico de temperos artesanais para apimentar os pratos da culinária local e nacional.
O tempero, que antes era de consumo caseiro, se transformou actualmente num produto procurado por pessoas de diferentes estratos sociais. Ela conta que deu azo ao negócio por ter gasto os recursos financeiros destinados a despesas familiares.
Mariana Domingos recorda que o erro de gastar o dinheiro da reserva familiar impulsionou a produção para fins comerciais. Ela explica que aquela falha mudou o rumo da sua vida. "Tudo começou por ter gasto o dinheiro da reserva para realizar a festa de aniversário da minha filha. Eu gastei todo o dinheiro do mês e precisava repor”, conta às risadas.
Para testar o produto decidiu oferecer alguns potes às colegas. O feedback das colegas de Faculdade e da docência motivou-a a começar a preparar o tempero para fins comerciais.
"Algumas deram-me palpites valiosos. E fomos acrescendo algumas porções até chegar a esta fórmula ideal”, conta, ao reconhecer o contributo das colegas de turma para o aperfeiçoamento do produto final.
Lembra que as vendas começaram de forma tímida no mercado informal do Mutundo, onde os primeiros potes "voaram”, compradas pelas vendedoras sem tempo para preparar os alimentos devido à actividade que exercem até tarde.
"As vendedoras do mercado gostaram e passaram a encomendar”, conta a empreendedora que hoje tem encomendas de dirigentes e de outras senhoras.
As redes sociais ajudaram a expandir a fama dos temperos da Mana Chana. Hoje ela é convidada por instituições do sector Económico, que apoiam o empreendedorismo, para participar em feiras e eventos comerciais a nível provincial e nacional, onde aproveita para divulgar mais a marca e vender.
"Tem sido uma experiência muito boa preparar os temperos. Na nossa realidade os homens quando se casam querem encontrar uma mulher que faça bem as coisas, sobretudo a comida. O nosso desafio é evitar separações porque a mulher não sabe cozinhar”, argumenta a professora que garante ter chegado a uma fórmula ideal para os seus temperos.
Matemática
do tempero
O investimento inicial de 16 mil kwanzas aplicados na compra dos ingredientes foi maximizado com o uso de conhecimentos de matemática que lhe permitiram multiplicar o valor do capital."Começamos com 16 mil kwanzas. Compramos os produtos que usamos para moer manualmente no almofariz com o objetivo de compor os ingredientes”, relata.
Licenciada em Matemática pelo Instituto Superior de Ciências da Educação (ISCED) da Huíla, a empreendedora sublinha a importância da matemática no desenvolvimento da composição adequada para os temperos.
A docente dos ensinos médio e universitário esclarece que a matemática ajuda na composição dos ingredientes pelo sentido lógico emanado da sua essência. Embora guarde a sete chaves as fórmulas, ela acrescenta que a ciência exacta ajuda a compor a dosagem certa do produto final, benéfico para o organismo humano.
"A matemática é vida. É a ciência do raciocínio lógico. Infelizmente muita gente não gosta de matemática e eu não sei porquê? Não sei por que razão as pessoas não gostam de uma disciplina que apenas exige a obediência a regras. Parece que não estão dispostas a cumprir regras. Se gostassem todos desta matéria seria mais fácil seguir as regras da vida”, argumenta.
Gaba-se que as fórmulas usadas para a produção tornam os temperos em produtos multiuso. "Este tempero usa-se em todos os tipos de pratos, mesmo no arroz doce e no pirão. Pode ser aplicado na carne, no peixe, nas verduras e noutros pratos”, esclarece.
A diversificação e a qualidade são sinas da empreendedora. Mana Chana explica que para ajuda no processo de conservação passou a desidratar os temperos e a armazená-los para os períodos de escassez. "Queremos produzir para que não se deteriore. São produtos da nossa terra. Estamos a apostar nos produtos nacionais para evitar a importação. Até porque fazemos parte da cadeia, pois compramos de vários fornecedores. A ideia é crescermos todos”, refere a empreendedora que emprega oito funcionários.
Outro desafio foi testar e realizar o controle da qualidade a partir de laboratórios especializados como o da Humpata, onde os temperos passaram com nota positiva. "Fomos desafiados pelo sector da Agricultura para testar a qualidade do nosso produto no laboratório. Temos certeza, a partir dos especialistas, que o nosso tempero não vai provocar danos à saúde humana”, garante.
As
lições da avó para
a excelência
As lições aprendidas com a avó Idalina Ndambaca capacitaram a professora Mariana Domingos "Mana Chana” a secar e a processar os alimentos, sobretudo os ingredientes verdes. O conhecimento é usado para processar de forma artesanal o milho, bombó e a soja.
"A minha avó secava tudo para ser consumido no período de escassez. Estamos a usar este método para conservar os alimentos e vender produtos agrícolas desidratados”, explica a empreendedora que diz precisar de apoio para aumentar os níveis de produção.
Mana Chana considera o seu tempero o melhor por ser natural, ao contrário de muitos importados, que são processados por grandes cadeias industriais e adicionam produtos químicos, sobretudo conservantes.
"O nosso é melhor. Ainda não atingimos o nível de produção em grande escala para exportar porque faltam materiais de alta produção. A vantagem é que é saudável, mais prático e dá sabor aos alimentos. Temos produtos para atender os hipertensos e diabéticos. Até no arroz branco cheira a conduto”, gaba-se, destacando o apoio da família, sobretudo do esposo, no processo de produção.
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